Com a barriga inchada de pensamentos sento-me, proscrito, à espera que brotem.
Enquanto aguardo questiono se as pinguinhas são consequência do enfartamento. As paredes são elásticas e eles contorcem-se uns contra os outros. Não sobra espaço, como o nada não existe, se algo dilata, outro algo terá de comprimir.
Tudo seria normal se seguisse a ordem certa, a barriga desinchava e as pinguinhas paravam, mas não, a ordem certa é o que eu quero que seja, não o que é de verdade. É como o um mais um, nem sempre dá dois. Se juntar uma pinguinha a outra pinguinha, o resultado é uma pinga maior e não duas pingas.
Seja como for, já estou cansado de estar sentado, os pensamentos continuam embarrigados e as pinguinhas abrandaram. Está na hora de limpar o que não se sujou e levantar daqui para acolá, eles acabarão por sair, eventualmente.