O Ralador de Queijo
A história do ralador de queijo é triste, é uma história de cortar o coração, que despedaça a alma em mil pedaços sem que nada nem ninguém a possa mudar.
Lá bem atrás, há mais de 400 anos, na terra dos spaghetti, nasceu essa nobre criação, num instante aquele ser maravilhoso, o ralador de queijo, passou a existir e ter um propósito, uma nobre missão, um esplendor de existência que fazia o deleite das papilas gustativas de todos os amantes de leite fermentado.
Mas o tempo e os homens são cruéis, miseráveis ingratos oportunistas e insatisfeitos, violaram a santidade do princípio, da razão de ser, o propósito da existência divina! Esses mundanos ousaram conspurcar, como se de nada se tratasse, o puro ralador com fricções desenfreadas de cenoura, pepinos, batatas e pior, muito pior, limões e laranjas de que nem tão pouco chegaram à polpa como se o pobre coitado não o merecesse sequer.
Hoje, o malfadado ralador de queijo, aprisionado na angústia das tábuas e dos ganchos de cozinha, vive penosamente a ingratidão e o suplício do eterno fado, numa tortura constante, à espera, sempre à espera, que lhe moam no corpo nada mais que um belo e sublime pedacinho de queijo.